O tolerado
Manuel Alegre é olhado pelos seus correligionários com um misto de incómodo e expectativa. Faz lembrar aquele amigo que se convida e nunca se sabe se ele vai efectivamente animar a festa (como é expectável) ou dar cabo dela (o que se teme!).
Já aqui referi: gosto da postura do homem e suporto-lhe os tiques.
O que vejo nele é o que não vejo na generalidade dos políticos com destaque: vejo nele um homem e não um robô. E fala, quase sempre, muito bem.
Falar, como falou, em defesa da dignidade do parlamento contra a rapaziada que teima em o desacreditar, é de homem. Quando toda a gente (populaça e intelectuais) adora desacreditá-lo…
Falar como falou do medo instalado na sociedade portuguesa é de um homem que vê para além das generalidades do costume. O discurso do PM e do PR da República no 31 de Janeiro são, pelo contrário, um bocejo redondo e (vejam lá) muito parecido.
Alegre não …. foge da norma. Nem que essa fuga se transforme, ela mesmo, e nele, numa (evitável) norma.
Comentários