O escultor de Guimarães

 

martins sarmento

 

António de Azevedo foi um notável escultor que marca a paisagem citadina da nossa cidade como nenhum outro. São dele as delicadas esculturas do jardim da Alameda com o Fauno (1934) e a Rapariguinha que a ele se junta 8 anos mais tarde, permanecendo juntos desde então naquele espaço, continuando a dar um toque de beleza e harmonia ao jardim recentemente renovado. É dele o busto a Martins Sarmento, e todo o enquadramento em granito, no Largo do Carmo (1934) ao lado da casa do arqueólogo. É dele o monumento e o alto-relevo de Alberto Sampaio no Largo dos Laranjais (1956) e a estrutura em que assenta o medalhão de António Teixeira Lopes à memória do Gravador Molarinho na Feira do Pão (1935), bem como o medalhão a Torres Carneiro que encima a escadaria da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães. É dele ainda, em espaço público, o busto de Luís de Pina na Penha ou de Francisco Inácio da Cunha Guimarães em Pevidém. De modo particular as principais figuras de cidade nos anos 30, 40, 50 e 60 são esculpidas pelas mãos e sensibilidade do artista.

As esculturas de António Azevedo em Guimarães fazem mais do que marcar a nossa cidade, caracterizam-na e unem no olhar todas as gerações que conviveram e convivem com a sua obra plástica.

 

alberto sampaio 1

 

O escultor é natural de Vila Nova de Gaia, adotando o Modernismo como escola, depois de ter vivido em Paris (1911-1914), uma cidade especial, sedenta de modernidade a que uma elite artística deu corpo.

A vinda do artista para Guimarães deve-se ao facto de, em 1931, ter sido convidado para ser professor e dirigir a Escola Industrial e Comercial de Guimarães, hoje Escola Francisco de Holanda. António Azevedo foi seu diretor durante os 27 anos seguintes ajudando a construir a reputação da Escola e a sua importância na vida económica e social de Guimarães.

Durante todos estes anos Azevedo não é apenas mais um, e desde cedo participa em Comissões independentes (não remuneradas) que marcam a vida cultural e estética da cidade. Pelas comissões que o escultor integrou passaram algumas decisões em momentos marcantes da cidade – tão importantes como o ano que agora acaba com Guimarães como Capital Europeia da Cultura – como o foram as Festas Centenárias de 1940 ou as Festas Milenárias de 1953.

 

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A importância deste homem na vida da cidade e da sua paisagem urbana será contudo pouco conhecida, pelo menos em termos de identificar as obras com o autor, apesar de a sua obra ser facilmente reconhecida pelo olhar de quem aqui vive, ou mesmo de quem nos visita.

Por isso, no âmbito do programa constelações (CEC 2012) a Muralha, associação de Guimarães para a defesa do património, o Cineclube de Guimarães e a Assembleia de Guimarães, decidiram pegar na obra do escultor, estudá-la e divulgá-la. Aliás, uma das instituições, a Assembleia de Guimarães é quem promove, a 26 de Junho de 1965, uma homenagem pública a António de Azevedo: a mais importante que em vida do escultor se lhe fez.

Assim a iniciativa promovida pelas três associações referidas - uma boa troica - pretende constituir-se como um novo olhar sobre a obra de António Azevedo, um olhar atento e admirado, que por agora se atém à publicação de um livro, um belo livro diga-se, escrito com carinho e rigor pela historiadora Rosa Maria Saavedra e olhado pela câmara fotográfica e sensibilidade artística de outro vimaranense, José Pastor, que interpreta em fotografia a obra do escultor, da qual se fará uma exposição.

O livro será apresentado de sábado a oito dias (dia 22 de Dezembro) no magnífico espaço da Assembleia de Guimarães, pelas 17h30min.

A entrada é livre e o preço de lançamento do livro será especial para o primeiro dia da sua apresentação. O livro é para quem se interessa por Guimarães e pela sua história e poderá constituir-se como um belo e oportuno presente.

António Azevedo, a sua mestria e sensibilidade, merecem o novo olhar que agora se estende pela sua magnífica obra.

 

 

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FOTOS por JOSÉ PASTOR

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