A unha
O tempo muda tudo de forma permanentemente. A única coisa que permanece é, paradoxalmente, a mudança. É essa a irritante – ou excitante - característica do tempo que passa. Se não mudarmos com o tempo, permanecemos agarrados ao passado e chatos pela particularidade repetida de no meu tempo é que era. Se tentarmos apanhar sempre a onda, as tendências do tempo, fica a estranha sensação de que o nosso passado foi um engano. Nunca se está bem, portanto. Existir será, então, um estado de permanente desfasamento com a realidade. Por defeito, ou por excesso, tanto faz. Q uando se é novo há uma urgência de futuro, quando se é velho há excesso de saudosismo que desmerece o presente. Haverá algum ponto de equilíbrio em que estejamos decididamente bem com o tempo que temos? Agora que já sou sexagenário, mas ainda não fui atropelado por um carro como os sexagenários o eram no tempo em que eu era jovem – a fazer fé nas notícias do JN de então-, terei uma noção do tempo mais...