Paixão



Como ponto prévio gostaria de vos dizer que este texto é, obviamente, parcial. Fui um dos onze representantes do município que votou a medalha de Ouro da Cidade ao dr. Fernando Alberto e, a acrescer a isso, sou seu amigo.
Postas assim as coisas claras, gostaria de partilhar convosco a minha profunda satisfação pelo reconhecimento agora dado. Não vou (certamente seria redundante) elencar as obras do homem e a sua importância para Guimarães. Prefiro antes falar da pessoa.
Cola-se ao dr. Fernando Alberto, desde há muito, o rótulo de homem polémico. A forma desempoeirada como sempre exprimiu as suas ideias está na essência da tabuleta que teimaram em colocar-lhe. E não estará errado na forma, mas sim no grau, o adjectivo. Acima de tudo, acima da frontalidade, acima da polémica, está a paixão. A sua paixão pelas suas ideias e projectos comuns. Essa é, na minha visão, a sua principal e mais acesa característica, a de ser um homem profundamente apaixonado pela sua terra, pelos seus e por aquilo em que acredita. Ser polémico poderá ser fácil, basta ser corajoso. Ser apaixonado é mais difícil, é necessário sentir o que deveras se pensa e dizê-lo com uma convicção que não se molda, pois vem de dentro.
Numa altura tão plástica como a que hoje vivemos, feita de salamaleques e de aparências construída em gabinetes especializados, a paixão é algo que vivamente se saúda.
E se muito o admiro, como admiro, invejo-lhe a paixão, apesar de acarinhar e proteger, com desvelo, as minhas. Acreditar com paixão nas coisas, nas pessoas, nas ideias, é a melhor forma de pagar à vida a sua inestimável e incompreensível essência.

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