Pensamento do dia

"Quando cheguei a casa à noite, a minha mulher insistiu que a levasse a sair, a um sítio bem caro... Levei-a a uma bomba de gasolina!"


Já cá se sabe que isto dos combustiveis é como é, que aqui em Angola o gasoleo está a 29 Kwanzas (que com o actual câmbio são menos de 25 centimos aí) desde que aqui cheguei em Agosto de 2006 e que desde que aqui cheguei o gasóleo passou dos cerca de 90 centimos para os actuais 1,40 e tal (até tenho medo de tentar por o valor correcto pois agora as subidas são quase diárias...) e que aqui há petróleo e aí não e coisa tal mas, caramba, há coisas que não percebo.

Quando uma gasolineira sobe, as outras sobem também. E sobem porque o petróleo está a subir hoje. Mas sempre ouvi dizer que compram o petróleo a meio ano, logo tal valor só se deveria reflectir no preço final em Novembro e não já. Mais ainda, não percebo como é que se pode subir o preço todos os dias, como aconteceu recentemente na Repsol. Ou, pelo contrário, anunciar que vai subir e depois porque a reacção foi negativa, anunciou-se que foi um lapso que se tornou realidade uns dias depois. E como é que os hipermercados conseguem vender o combustivel muito mais barato (por vezes, diferenças na ordem dos 10 cêntimos), estarão a perder dinheiro?

O que eu sei é que os automobilistas são os super-contribuintes. Logo no momento da compra do carro, dois impostos: IA e IVA em cima ainda do IA! Depois, portagens em pontes e autoestradas. Estacionamento na cidade, pago. Selo automóvel anual. Combustiveis com impostos na casa dos 60%. E os automobilistas são quase todas as familias portuguesas, que têm carro. E se alguns há que é por puro comodismo ou luxo, a maior parte é apenas porque os transportes públicos alternativos não nos valem. Exemplos: a minha namorada mora numa freguesia fronteira de Guimarães com Braga; trabalha no centro de Braga; se quiser ir de comboio ou metro de superficie, não há; se for de autocarro, tem de apanhar um para Guimarães, outro para Braga e outro dentro de Braga para chegar à rotunda do Santos da Cunha. Ou vai de carro ou monta uma tenda no meio da rotunda! Quantos exemplos mais querem? Eu morava no centro de Guimarães e trabalhava numa obra na saída de Vizela para a VIM; a estação da CP era próxima, mas os horários impracticáveis (eu entrava às 9h00, o comboio chegava lá às 7h50, eu saía às 18h00, o comboio passava às 19h20) e de autocarro demorava cerca de 1 hora a chegar lá, 11 km... Há alternativas? Desconheço, mas como estes dois pequenos exemplos, há montes deles assim que implicam que o cidadão, as familias, tenham de se deslocar de automovel.

Não falando da questão das empresas, que com um peso enorme de impostos em cima em comparação com as concorrentes no mercado espanhol, que nos está mais próximo, não têm qualquer hipotese de internacionalização e ainda conseguem ver o seu mercado interno a ser pulverizado por empresas espanholas.

Portugal, assim, não tem futuro. Ou quem sabe, um qualquer capitão do exercito um destes dias fica parado no quartel por falta de verbas para comprar combustivel e não resolve organizar outro 25-A como naquele longinquo ano em que uns descontentes de salários deitaram abaixo uma ditadura obsoleta... como esta democracia em que agora vivemos!

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