Olho de Falcão
Vasco Pulido Valente é, há anos, um dos analistas políticos portugueses mais brilhantes. Dantes haviam alguns com interesse, hoje VPV está praticamente sozinho. Personagem invulgar ocupa com regularidade a última página do público com clareza e inteligência.
Ouvi o discurso de Sarah Palin na Convenção Republicana e, rapidamente, alguma “excitação” pela novidade foi, à medida que o discurso ia evoluindo perante a gritaria, substituído por uma enorme apreensão. VPV resume tudo isso de forma brilhante no Público de hoje. Passo a transcrever um excerto do artigo:
"A Convenção do Partido Republicano foi, politicamente, um espectáculo de horror. Primeiro, pelo nacionalismo. Durante horas o Congresso berrou “U-S-A!”, “U-S-A!”, com um fervor histérico, que não lembrava, e não anuncia, nada de bom. A América é o melhor país que se criou na Terra (o planeta): o mais forte, o mais rico, o mais livre. E é também o farol e a esperança da humanidade: a cidade perfeita no cimo da montanha. Bem sei que este último delírio faz parte da tradição indígena. Infelizmente, vem hoje muito pouco a propósito. O que não impediu os 20 mil congressistas de St. Paul de vaiarem o “estrangeiro”, especialmente a “Europa” e a Rússia, e em geral o mundo que não os compreende. Uma das razões por que odeiam Obama é porque Obama é popular “lá fora”.
Um nacionalismo desta espécie, xenófobo e fanático, leva naturalmente ao militarismo. Entre alguma parlapatice sem consequência, a Convenção Republicana não passou de uma cerimónia militar. A Convenção não parou de falar do soldado, do prisioneiro de guerra e do herói McCain. E homenageou um herói do Iraque, outros prisioneiros de guerra, antigos combatentes do Vietname e do Golfo e as tropas (centenas de milhares de homens) que estão hoje no terreno. Muita gente soluçava e chorava. McCain tem um filho no Iraque e outro a caminho, Palin tem um filho no Iraque. Os delegados berraram de gozo e gratidão. E várias criaturas com responsabilidades (Giuliani, por exemplo, e a própria Palin) declararam a vitória iminente– a vitória, reparem bem – sem qualquer restrição ou dúvida."
Ouvi o discurso de Sarah Palin na Convenção Republicana e, rapidamente, alguma “excitação” pela novidade foi, à medida que o discurso ia evoluindo perante a gritaria, substituído por uma enorme apreensão. VPV resume tudo isso de forma brilhante no Público de hoje. Passo a transcrever um excerto do artigo:
"A Convenção do Partido Republicano foi, politicamente, um espectáculo de horror. Primeiro, pelo nacionalismo. Durante horas o Congresso berrou “U-S-A!”, “U-S-A!”, com um fervor histérico, que não lembrava, e não anuncia, nada de bom. A América é o melhor país que se criou na Terra (o planeta): o mais forte, o mais rico, o mais livre. E é também o farol e a esperança da humanidade: a cidade perfeita no cimo da montanha. Bem sei que este último delírio faz parte da tradição indígena. Infelizmente, vem hoje muito pouco a propósito. O que não impediu os 20 mil congressistas de St. Paul de vaiarem o “estrangeiro”, especialmente a “Europa” e a Rússia, e em geral o mundo que não os compreende. Uma das razões por que odeiam Obama é porque Obama é popular “lá fora”.
Um nacionalismo desta espécie, xenófobo e fanático, leva naturalmente ao militarismo. Entre alguma parlapatice sem consequência, a Convenção Republicana não passou de uma cerimónia militar. A Convenção não parou de falar do soldado, do prisioneiro de guerra e do herói McCain. E homenageou um herói do Iraque, outros prisioneiros de guerra, antigos combatentes do Vietname e do Golfo e as tropas (centenas de milhares de homens) que estão hoje no terreno. Muita gente soluçava e chorava. McCain tem um filho no Iraque e outro a caminho, Palin tem um filho no Iraque. Os delegados berraram de gozo e gratidão. E várias criaturas com responsabilidades (Giuliani, por exemplo, e a própria Palin) declararam a vitória iminente– a vitória, reparem bem – sem qualquer restrição ou dúvida."
in Público 05.09.08
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