Ocidente - I

 

Time 9 de Agosto

A capa de uma das edições da Time deste mês, cuja imagem se reproduz, fala por si. Mostra-nos o rosto desfigurado de uma menina afegã de 19 anos cujo pecado foi ter fugido aos maus tratos do marido. Por retaliação o “homem” que a comprou cortou-lhe o nariz e as orelhas tendo-a abandonado numa montanha para a deixar morrer em sofrimento. Foi resgatada à sua sorte e afortunadamente acolhida num refúgio secreto para mulheres afegãs maltratadas. A opinião pública americana interessou-se de tal forma por este caso que viajou para os Estados Unidos da América (EUA) para uma reconstrução cirúrgica. A sua irmã de dez anos também foi vendida ao mesmo marido e permanece numa obscura aldeia afegã que assistiu em silêncio àquele acto bárbaro. Na província de Kuduz, no norte do Afeganistão, surgiram recentemente relatos de uma lapidação até à morte de dois jovens que mantinham uma relação adúltera. Os taliban obrigaram toda a aldeia a assistir ao massacre, para que este servisse de exemplo.

Abusos sobre os mais fracos e indefesos há-os em todo o lado. Alguns deles têm a pretensão de se justificarem por uma moral qualquer. A grande diferença está nas sociedades que punem e condenam esses abusos e nas outras que os toleram.

A nossa sociedade ocidental é um exemplo. Apesar da tendência masoquista que todos temos para encontrar e ampliar os defeitos da sociedade em que vivemos, o respeito pela liberdade e individualidade dos seus cidadãos é um valor fundamental que, a espaços, com maior ou menor gravidade, se perde para seguidamente se reconquistar. Pelo menos até agora.

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