O Lexotan caseiro

guimaraes

A Capital Europeia da Cultura (CEC) matou a discussão política em Guimarães.

Tudo tem girado em volta dela e, ao que parece, continuará a girar.

Quem ignora a CEC está a cometer um crime - não é “vimaranense” dir-se-á – quem dela fala começa a andar à roda pois não influencia absolutamente nada. Ou então finge que influencia e fica bem na fotografia, nada mais.

Ora este “quadro” seria absolutamente compreensível se estivéssemos noutro país. Por exemplo a Noruega; país em que o Estado é forte e o petróleo ajuda. Aqui a CEC funciona do ponto de vista social e político como uma anestesia, deixa-nos dormentes e dá-nos um propósito grátis.

E esta terra de trabalho e de gente trabalhadora vai-se transformado numa terra de gente nova desempregada, à procura do subsídio do Estado “dado” generosamente pelas mãos adequadas, e de passeios e jantares de seniores – como eufemísticamente se diz – em que as mesmas mãos que dão o subsídio se juntam a uma boca que lembra quem “deu” o jantar e a camioneta. Isto sem esquecer os que gostam de estar no sítio e local certo para ter o raio de sol que o poder permite. Ou seja, uma terra de gente sem esperança nem propósito que vá mais além da migalha que lhe cabe. Ora a CEC cai aqui como o Lexotan final. Permite um sono tranquilo.

Que fazer por isso com esta taxa de desemprego?

Que fazer com este comércio?

Como fazer para que os turistas que nos visitam gastem tempo e dinheiro cá no burgo?

Que fazer com as nossas casas que caem aos poucos sem que nenhum projecto de reabilitação urbana as faça olhar para o futuro?

Que fazer com a educação dos nossos jovens? Como apoiar os projectos das escolas em vez de as controlar?

Que fazer das energias dos jovens que se esgotam nas filas dos centros de emprego?

É simples: fala-se na Capital Europeia da Cultura.

Publicado in CG

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