Directas - II

paulo rangel

Uma das suas lideranças mais intensas e importantes – a de Cavaco e Silva – afirmou o partido e, ao mesmo tempo, fê-lo perder-se. Isto é, o PSD ao ser responsável pelo período mais áureo, profícuo e interessante da Democracia portuguesa permitiu, ao mesmo tempo, que o poder o “funcionalizasse”.

E o grande drama do PSD hoje é exactamente esse.

O partido foi perdendo a sua aura interclassista, em que médicos e carteiros se reviam, e tinham voz, para começar a ser dominada por gente que faz da política o seu modo de vida e/ou o seu propósito. E um partido interclassista, em que se reviam os pequenos comerciantes e outros empresários, os agricultores, ou classe média citadina, passou a ser moldado em função de um “funcionalismo da política” mau para quem o pratica e mau para quem o vê.

Paulo Rangel trouxe algo de novo a este debate. As suas palavras são palavras voltadas para dar voz (novamente) às classes sociais e não para os “discursos do umbigo” em que o PSD, fatalmente, se tem perdido.

As preocupações que Rangel aportou ao seu discurso não são fruto dos problemas do partido, mas dos reais problemas do país. Da situação dos nossos agricultores e pescadores, dos comerciantes, dos pequenos empresários, ou seja, daqueles que fizeram o PSD o grande partido nacional.

O PSD não precisa hoje de um líder para gerir problemas domésticos que traga ao peito as medalhas ou cicatrizes dos combates internos. Não. O PSD precisa mais do que nunca alguém que, aos olhos dos portugueses, não tenha precisamente essas marcas. Que esteja livre e solto para assumir as difíceis tarefas a que temos que deitar a mão.

Paulo Rangel não fala para dentro pois a urgência é outra: dessocratizar o país e torná-lo mais justo, eficiente e competitivo.

Por isso Paulo Rangel é tão necessário e, hoje, é tão atacado.

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