O Rei vai nu

0000032097 No i, hoje:

“Há qualquer coisa de errado num país quando só tem uma equipa e um projecto para enviar à maior feira de ciência e tecnologia pré-universitária do mundo. A ISEF - Intel International Science and Engineering Fair, que decorreu na semana passada em São José, Califórnia, não foi apenas uma parada de estrelas adolescentes. Não foi apenas um encontro de culturas, uma competição de pequenos génios; foi uma mostra do que cada país está a fazer pelos futuros cientistas. A única equipa portuguesa finalista nem sequer conseguiu competir, por culpa das cinzas vulcânicas que impediram a viagem em tempo útil, mas é embaraçoso olhar para a lista de 1600 nomes vindos de todo o lado e perceber que Portugal foi um dos pouquíssimos países a terem apenas um projecto. Para entrar nesta feira é preciso realizar competições, devidamente reconhecidas pela Intel, a nível nacional. E aqui não se faz o suficiente, como se pode ver com as poucas candidaturas a outros eventos do género. Ao falar com aqueles miúdos de 15 e 16 anos, que andaram um ano a trabalhar nas coisas mais incríveis - desde novas abordagens ao cancro a malas anti- -roubo e teclados em braile, não pude deixar de ficar espantada com a postura competitiva e responsável de cada um. Alguns vindos de zonas onde a vida é dramática, como a Palestina. Todos me disseram que só chegaram ali porque os professores os desafiaram até ao limite e as escolas disponibilizaram financiamento e laboratórios para as experiências. Então e em Portugal não temos condições para fazer isso? Talvez andemos a travar as lutas erradas.”

Ana Rita Guerra. i.

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