O homem que não gosta de ninguém
Gosto imenso da escrita de Vasco Pulido Valente - o homem que não gosta de ninguém - e a fórmula que de há alguns anos tem experimentado no Público é a ideal. Crónicas curtas, exageradas e algumas vezes com particular propósito e acerto são a sua marca. Lêem-se com o devido desconto que se deve dar aos rezingões. São ácidas, mas geralmente perspicazes (como a de hoje):
"(...) Agora apareceram dois
bandos: o Livre e o Pólo. O Livre
quer organizar uma gritaria
institucional, onde toda a gente
seja livre de participar. O Pólo
produziu uma ladainha sem
sentido, que serve com certeza
para o consolo do espírito e o alívio da alma. Julgam os
seguidores destas duas seitas
que o seu zelo acabará por transformar o PS e o PC e juntar a esquerda num grande e alegre manicómio. Mas nem o Livre, nem o Pólo têm razão.
Na balbúrdia em que vivem, as
pessoas precisam de ordem, não precisam de “ideias”, que já as confundem quanto baste, e provavelmente irão votar nos
partidos do costume, com porta
aberta e licença da câmara. E daí
brotará, pelo velho ódio entre o
PC e o PS, uma nova edição do
antiquíssimo “bloco central”,
para continuar imperturbável as
fantasias de Passos Coelho. "
Público 29.12.13
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