A BIOGRAFIA DO NADA por Pacheco Pereira




Pacheco Pereira publicou no seu blogue um post no sábado que eu a seguir reproduzo (foto incluída):
Não é crime nenhum não ter biografia "antifascista", em particular quando se era demasiado novo para se perceber em que país é que se vivia. Mas existe a mania de encontrar sempre algum obscuro traço de oposição ao regime, uma legitimidade ab anteriori no antes do 25 de Abril. Esse exercício existe no PSD, onde já tem levado a situações um pouco caricatas, mas é mais comum no PS. Já Guterres, que nunca teve qualquer vislumbre de oposição e que, bem pelo contrário, estava a iniciar uma carreira de jovem quadro tecnocrático no regime, atribuía-se uma vago "trabalho social" que manifestaria a sua insatisfação, logo o embrião de um embrião de um embrião de oposição a Salazar e Caetano. Agora é Sócrates que, supostamente, se "deliciava" junto com o pai na leitura dos "livros incómodos para o regime", encomendados através da Seara Nova, como refere hoje uma reportagem na revista NS distribuída com o Diário de Notícias e Jornal de Notícias. Coitado do jovem José Sócrates, então com 15 ou 16 anos, a "deliciar-se" com os sérios e macambúzios livros da Seara Nova... Será que quem disse, ou quem escreveu isto, faz mesmo ideia que livros eram esses? Será que quem disse ou quem escreveu isto, faz mesmo ideia que a expressão "deliciar" é um completo absurdo para descrever a atitude de alguém que, antes do 25 de Abril, lia "livros incómodos para o regime"?

O problema destas biografias de gente sem biografia, biografias do nada, é que se enchem de factos irrelevantes e triviais, interpretados de modo a construir uma "imagem", quando não há nada de interessante para essa construção. A não ser mostrar como se pode ter sucesso no plano político com pouco mais que nada de vida ou nada na vida. E Sócrates está longe de ser único.


Comentários

Rui Silva disse…
Não percebo porque dá ao Pacheco Pereira este «gozo» em observar com tanta minúcia as personalidades políticas (ía dizer de esquerda, mas não incluo o Sócrates na minha esquerda).

Eu, na minha inocência política, distinguiria uma reportagem onde o jornalista escolhe um ou outro comentário "pitoresco" sobre o Zézito, com uma suposta biografia com métodos típicos de regimes ditatoriais para beneficiar o "grande líder".

A mim, sempre me pareceu que o Pacheco Pereira quer ser o Maquiavel dos nossos tempos. O homem que sabe tudo, que certamente revolucionaria a política do país e do mundo, mas que em vez de se animar com o "espírito de missão" e ir à luta, prefere sentar-se no computador a escrever para o Príncipe.

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