Os burros ...


A alegre polémica que resultou da patética (diga-se!) apreensão, por parte da PSP, do livro Pornocracia de Catherine Breillat, na Feira do Livro de Braga, tem enchido as notícias deste Carnaval.

O sucesso da notícia é claro: de um lado os burros da PSP (imaginem se fosse da GNR), que não conseguem distinguir erotismo de pornografia, e do outro lado a população cultíssima (jornalistas incluídos) que, após googlar o Gustave Coubert, descobrem a sua fase erótica e aprendem em breves minutos a distinguir quando a pose da passarinha (neste caso diria passarona) é ou não arte.

Diga-se que a PSP interveio porque alguns pais ficaram chocados com o facto de os filhos mirarem (naturalmente) a passarona oitocentista assim exposta, mas acredito que qualquer reportagem da RTP apanharia os mesmos pais, para as câmaras, a dizer que não senhor, que nunca fizeram queixa e que até são muito abertos (com a vizinha, com certeza).

Tenho pena da PSP, é um facto. São normalmente pau para toda a colher e depois caem-lhes em cima ou obrigá-los-ão a frequentar uma acção profissional sobre a cinematografia erótica de Óshima ou sobre a crueza mundana de Henry Miller.

No entanto, permanecerá no Olimpo (nem que seja no Olimpo da Nossa Ignorância) uma realizadora/escritora francesa, que gosta de uma boa polémica para se fazer notada. Quem saberia do seu livro se não fosse a pintura d’ A Origem do Mundo de Coubert assim tão ostensiva. Adoração pela Arte, dirão certamente uns quantos que não eu.

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