Júlio César

Conheci Júlio César de Shakespeare através do cinema, mais propriamente pelo olhar de um realizador de eleição: Joseph L. Mankiewicz, numa obra cinematográfica de 1953.

Este pequeno trecho do filme, com um Marlon Brando (Marco António) absolutamente genial, é uma pérola do Cinema:


Tradução do blogue Novas Aventuras em mim (menor):

Amigos, Romanos, compatriotas, escutai-me! Venho sepultar César, não fazer-lhe elogios. Aos homens sobrevive o mal que fazem, mas o bem quase sempre com os seus ossos fica enterrado. Deixemos que seja assim também com César. O nobre Brutus disse-vos que César era um ambicioso. Se o foi, realmente, grave falta era a sua, tendo-a César gravemente expiado. Com licença de Brutus e dos presentes – porque Brutus é um homem honrado, como o são os restantes, todos homens honrados – venho dizer algumas palavras no funeral de César. César era muito meu amigo, fiel e justo; mas Brutus diz que ele era ambicioso, e Brutus é um homem honrado. César trouxe muitos cativos para Roma, cujos resgates o tesouro encheram. Nisso se mostrou César ambicioso? Às súplicas dos pobres, os olhos de César enchiam-se de lágrimas. A ambição parece ser de índole mais dura. Mas Brutus diz que ele era ambicioso, e Brutus é um homem honrado. Vós o vistes nas Lupercais: três vezes lhe apresentei uma coroa de rei, que três vezes ele recusou. Seria isto ambição? Todavia, Brutus diz que ele era ambicioso, e Brutus é sem dúvida um homem honrado. Contestar não pretendo o nobre Brutus; só vim dizer-vos o que realmente sei. Todos vós o amastes em tempos, e não teria sido sem motivo. Que motivo, então, vos impede hoje de o chorar? Ó raciocínio, foste albergar-te nos animais bravios, tendo os homens o uso perdido da razão! Perdoai-me, esperai com paciência! O meu coração jaz ali, junto de César, e tenho de calar-me até que ele torne para mim.


Um texto excepcional num filme inesquecível.

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