S.Mamede

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O cinema S. Mamede é, nomeadamente para a minha geração, uma sala importante. Foi nessa sala que vi os meus primeiros filmes, foi lá que o cineclube assentou as malas durante muito tempo emprestando qualidade à exibição, é de lá que guardo memórias do Blade Runner ou do Stranger than Paradise do Jarmush, entre muitos outros filmes projectados com uma imagem de qualidade e um som como raramente encontrei noutras salas por todo o país.

A degradação da qualidade do seu cinema e da exibição foi algo que me custou a assistir. Fiquei preocupado também quando um conjunto de gente empreendedora decidiu transformar o local. E transformou. Perdeu-se (ou quase) o cinema é certo, mas ganhou-se uma casa viva e activa, um local de cultura que não vive dos subsídios e por isso não tem de gramar com as borlas do pessoal profissional das borlas que enche os espectáculos e as estatísticas. Em Portugal a borla cultural está de tal forma enraizada que, a título de exemplo, em 2008, 18.000 dos 27.000 bilhetes da Companhia Nacional de bailado foram borlas!

Na última sexta fui lá ver o Lloyd Cole. Em boa hora vi aquela gente a remar contra o tsunami da cultura subsidiada. E não vi os borlistas do costume, o que é sempre higiénico.

 

 

Foto do Guimarães Digital

Comentários

Rui Silva disse…
Bom post, Rui. Compreendo perfeitamente o sentimento.
Mas não deixes o cinema completamente de lado do S.Mamede... quem sabe não será a sala de referência dos próximos tempos na cidade?
Rui Vítor Costa disse…
Seria um presente do céu...

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