Ensinar o Padre Nosso ao vigário


Crónica do MEC no Público de hoje:

Se o leitor, tal como eu, é português, vive em Portugal, gosta de peixe mas nunca o comeu feito como deve ser, pode suspirar de alívio. Foi Ana Espada, no PÚBLICO de ontem, que nos trouxe a notícia por que esperávamos: Chefes internacionais em Lisboa para demonstrar como se cozinha bom peixe.
"Mas não nos sairá muito caro?", perguntarão logo os forretas, pestanejando diante do elenco de mestres convidados: dois espanhóis, uma brasileira e um americano. Até apetece ir no balanço e seguir para a anedota: "... entram num bar e vêem um papagaio ao balcão que lhes pergunta se gostam mais de filetes com arroz de tomate ou de berbigão...".
Não sai caro, coisa nenhuma - todo o festival gastronómico faz-se por 85 mil euros, que é pouco mais do que 10 mil doses de sardinhas assadas, com jarrinho de vinho, pão e azeitonas e café. Ou 100 refeições nos restaurantes dos chefes convidados, conforme preferirem. Whatever!... é a Câmara de Lisboa, sempre à procura de escoar os excessos de capital de que sofre, que vai pagar a conta.
Claro que as D. Emílias, Anas e Conceições que assassinam o nosso peixinho por esse país fora não vão poder assistir às demonstrações. Mas a esperança é que os ensinamentos lhes sejam transmitidos, com celeridade, paciência e rigor, pelos jornalistas, funcionários públicos e penduras que têm de lá estar por razões profissionais.
Será que é desta que vamos poder comer o tal "bom peixinho" de que se fala tanto na imprensa estrangeira? Vamos todos torcer e sonhar que sim, malta!

Não são afinal 85.ooo€, mas 850.000€!

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