Os meus filmes #4


Gosto muito, mesmo muito, dos filmes de John Ford. Tive a sorte de numa época em que acordava para o cinema, e perante algum sectarismo estúpido que atravessou o Portugal do final dos anos 70 e início dos anos 80, ter tido a possibilidade de ler e ouvir homens como João Bénard da Costa ou António Pedro de Vasconcelos que tinham o realizador no sítio certo: na categoria do admirável.
Gosto de quase todos os seus filmes, mas tenho uma relação especial com O Homem que Matou Liberty Valance. Nesse filme há tudo. Há a dureza do velho Oeste e a esperança na educação e na Democracia. Há aqueles que são claramente maus e os homens de princípios e de convicções, capazes até de abdicar de um grande amor como Tom Doniphon (John Wayne) o faz em prol de um bem maior protagonizado por Ranson Stoddard (James Stewart): já que a ensinaste a ler e a escrever, dá-lhe agora algo que ler e sobre que escrever diz Tom a Ranson, quando este último queria abandonar a cidade que o acolheu.
É o crescimento da Democracia, da Lei, da Imprensa no velho Oeste. É um filme perfeito, com uma dupla de actores perfeita (penso que só rodaram uma vez mais juntos em 1976 num filme de Don Siegle, por sinal o último de John Wayne). Bénard da Costa questionava-se sobre quem realmente tinha matado Liberty Valance, apesar do filme dar, claramente, a resposta.
E tinha razão, como diz, quase a finalizar o filme, o director do Shinbone Star: quando uma lenda se torna facto, imprima-se a lenda.

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