Barack Obama por Ricardo Araújo Pereira


Tenho acompanhado com muito interesse as eleições norte-americanas, sobretudo por causa de um facto que me parece ter a maior importância política: sou extremamente parecido com Barack Obama. Também sou parecido com Hillary Clinton, mas só quando deixo crescer o bigode. Já com Barack Obama, as semelhanças são assombrosas: temos o mesmo sorriso franco, o mesmo olhar tranquilo, o mesmo aspecto encantador de argelino subnutrido. Gostava muito que Obama fosse eleito Presidente, quanto mais não seja porque não é todos os dias que se tem a oportunidade de ser sósia do homem mais poderoso do mundo. Será divertido visitar os EUA já depois da eleição, e assistir à reacção das pessoas quando se aperceberem das parecenças. Pode ser que me confundam com o Presidente e me ofereçam coisas boas. Outra hipótese é oferecerem-me 75 gramas de chumbo maciço no meio dos olhos, sob a forma de um balázio. Mas mesmo isso seria uma ocorrência pitoresca, diferente da monotonia do quotidiano, que eu acolheria com satisfação.
No entanto, além de transformar a minha vida, a eleição de Barack Obama pode acarretar outras mudanças de menor importância. Por exemplo, pode transformar o nosso planeta. Se Obama for eleito, durante uns anos viveremos num mundo surpreendente em que o Presidente dos Estados Unidos da América se chama Barack Hussein Obama, enquanto, por exemplo, no Gana, o Presidente é um tipo chamado John (a sério, acabei de verificar). É tão estranho como ter um Antunes a comandar os destinos da Suécia – o que seria, aliás, benéfico: há muitos anos que eu mantenho que a única maneira de Portugal atingir o nível de vida dos suecos é pôr um português a mandar na Suécia. Era num instante que os apanhávamos. Infelizmente, ninguém me dá ouvidos no que à política internacional diz respeito.
Quanto à eleição americana, é certo que Barack Obama ainda não é Presidente dos Estados Unidos. Longe disso. Mas não é impossível que venha a ser eleito, o que não deixa de ser mais uma prova de arrojo do povo americano. Toda a gente conhece as regalias a que o Presidente dos EUA tem direito: morar na Casa Branca, fazer-se deslocar no Air Force One… Depois de tudo o que aconteceu, não deixa de ser extraordinário que um povo tenha a coragem de pôr um avião daquele tamanho à disposição de um homem chamado Hussein. Por tudo isto, desejo que aconteça a Barack Obama o mesmo que aconteceu a Kennedy: que vença as eleições e se torne Presidente. Ou, na pior das hipóteses, que lhe aconteça o mesmo que aconteceu a Bush: que perca as eleições e se torne Presidente.


in VISÃO

Comentários

Sónia Cerejo disse…
Por acaso tem umas certas parecências!
Como seria um país governado pelo Ricardo? :)

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