Mais uma do VPV

Depois da notícia do Expresso de há uma semana, VPV veio ontem, Domingo, pôr o dedo na ferida. Muito bem, como geralmente acontece.

Nunca a gente que ocupou o Ministério da Cultura conseguiu perceber que a sua principal responsabilidade era o património. Por uma razão óbvia: as clientelas que pedem (ou, mais precisamente, exigem) dinheiro ao ministro, ou à ministra, vêm do teatro, do cinema ou de outras formas de espectáculo, enquanto, por definição, ninguém ou quase ninguém fala pelo património - por uma biblioteca, um arquivo ou o centro histórico de uma cidade. A política de satisfazer quem faz barulho prevaleceu sempre sobre a política de preservar a herança e a memória do país. Mesmo as câmaras, de quem teoricamente se esperaria outro critério, preferiram sempre, em nome da "descentralização", impingir ao Estado (para o Estado pagar) o cine-teatro ou a casa-museu do sítio, a um esforço de valorização do património local.

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E não se chega à presente catástrofe em menos de anos sobre anos de abandono e de incúria. Quando se pergunta como depois da democracia e da Europa acabámos nesta melancólica miséria, basta pensar na política de promoção e defesa do património cultural; no oportunismo, desorganização e pura estupidez de que ela precisou para durar.

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