Schhh - II

Foto_de_Helder_Olino_in_Flickr

Cumpri, como de costume, a minha volta com a família pelas barraquinhas e outras diversões gualterianas. Fui este ano ainda mais curioso face à decisão de se suprimir a loucura sonora que normalmente acompanha este género de manifestações populares. Loucura sonora pois toda a gente produz ruído que se procura sobrepor ao do vizinho, até que se gera um mar de apitos, músicas e buzinas indistinguíveis e insuportáveis.

Este ano, pelo menos há uma semana, não. Entrei nas Hortas maravilhado pela novidade. Ouvia-se tudo afinal. O som dos carros de choque, a música da barraquinha dos CD’s, a verve do homem da tômbola, era só afinar os ouvidos. Passei mais tempo que o costume, pois não me incomodei com o som que suspirava, controlado, das geringonças eléctricas.

No entanto fui confrontado com opiniões distintas. Com a saudade do barulho. “Festa sem barulho não é festa” afirmam alguns com a mesma candura das dóceis vítimas da violência doméstica ao dizerem “ele bate-me bastante, mas eu gosto muito dele”. O Sr. Presidente da Câmara, na actual fase em que se encontra – a de promover a quadratura do círculo em todas as questões - já prometeu arranjar um dj que supra a lacuna. E mal: o ruído não deveria, também ele, ser municipalizado!

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